Café - Safra terá queda de 70% na produtividade
01/03/2010 19:26Muitos cafeicultores da região, neste momento, em decorrência dos mais de 50 dias de estiagem e forte calor ocorrido neste início de ano, devem estar vivendo um grande impasse: colher ou não colher a produção deste ano?
Segundo Nilson Ferreira, classificador de café da Cooperativa dos Cafeicultores da Região de Caratinga (Copercafé), as condições climáticas anormais ocorridas neste verão, quando, além da falta de chuva, ocorreram temperaturas bem acima do que em anos anteriores, produziram enorme prejuízo às lavouras. “Nas regiões mais baixas e mais quentes, pelo que estamos observando poderá ocorrer uma quebra de peso específico em, até, 70%. Já nas regiões mais altas, a quebra poderá ficar em torno dos 50%”.
Como Nilson explica, com a falta de chuva e o calor acima do normal, o fruto não se desenvolveu e, além disso, amadureceu quase dois meses antes do que geralmente ocorre nas regiões mais baixas, onde a colheita costuma acontecer a partir da segunda semana de abril. Assim, muitos produtores já iniciaram a colheita na segunda quinzena de fevereiro.
Na última semana, vários produtores trouxeram amostras para que Nilson analisasse. Um deles trouxe uma galhada para ser avaliada. Lançados na água, 90% dos frutos deste galho boiaram, o que significa que estão chochos, isto é, não possuem grãos. Além disso, o amadurecimento antecipado fez com que os grãos ficassem muito pequenos, resultando num prejuízo certo, devido a alta queda de peso. “Com os cafés destas lavouras, o produtor vai encher a tulha e, na hora de apurar o café, vai colher vento”, afirma Nilson Ferreira.
Nilson orienta o produtor a, antes de iniciar a colheita, fazer uma avaliação da situação de seus cafezais, para ter um levantamento de quanto será a quebra da produção e, então, decidir se o melhor será fazer a colheita ou deixar o café no pé. “No momento atual, o produtor precisa fazer os cálculos e ver o que será pior.
Para muitos, a colheita do café lhe dará maior prejuízo do que se ele, simplesmente, não colher”.
Para Nilson, o resultado da safra deste ano, em termos de produtividade, certamente ficará abaixo de 2004, quando as constantes chuvas no período da colheita geraram, na região, a maior queda de produtividade registrada até agora.
Ele explica que num ano normal, o produtor gasta entre 450 a 500 litros para produzir uma saca de 60 quilos. Em 2004, os cafeicultores precisaram de 850 a 900 litros para produzir uma saca. Agora, pelo que está observando, ele acredita que será preciso colher entre 1000 a 1200 litros de café para se conseguir uma saca.
De acordo com Nilson, mesmo aqueles produtores que possuem sistema de irrigação da lavoura, foram prejudicados. “Além de a água ter diminuído muito, com o período prolongado de seca, o forte calor fez com que a aspersão de água no cafezal não surtisse o efeito necessário”.
Ele alerta para outro problema: a seca deste início do ano também afetará a safra do próximo ano. “No período em que o pé de café precisava de chuva, para se desenvolver, a chuva não veio"
Fonte: A Semana
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